O objetivo principal desta página do Projeto Ensino de Pronúncia é a discussão e exemplificação dos sons / θ / (presente em through) e / ð / (presente em that e this), que, apesar de serem dois sons distintos, são representados, na escrita, igualmente por “th”. Posteriormente, abriremos a discussão para o pensamento de estratégias didáticas para a inserção do ensino desses sons dentro de salas de aula.
A princípio, é importante ressaltar que os sons de “th” em inglês possuem um lugar de articulação que não está presente na língua portuguesa, fazendo com que sejam um objeto de dificuldade de compreensão e produção para falantes de português. Portanto, se torna crucial a exemplificação específica desse local articulatório desconhecido para os estudantes. Dessa forma, a substituição dos sons / θ / e / ð / por / t /, / d /, / s / e até mesmo / z / ocorre frequentemente por falantes de português ao terem contato com a pronúncia da língua inglesa. Reconhecemos, portanto, que a articulação alveolar se torna a região mais próxima, por falantes de português, para a realização do fonema, porém, essas substituições podem eventualmente causar problemas na produção e compreensão do outro. Por exemplo, as palavras thought (/θɔːt/) e taught (/tɔːt/) são diferenciadas apenas pela produção do som / θ / e / t /, portanto, a substituição desses sons muitas vezes resulta na incerteza de qual palavra está sendo falada.
Abordando os modos e lugares de articulação necessários para a produção desses sons, percebe-se que os dois são produzidos do mesmo modo e também no mesmo lugar de articulação, fazendo com que a única diferença entre eles seja o vozeamento em / ð / e o desvozeamento em / θ /. Esses sons podem ser classificados como consoantes fricativas dentais, ou seja, são produzidas pela liberação de ar enquanto há uma obstrução causada pela língua. Porém, essa obstrução se dá de forma que a ponta da língua se posiciona entre os dentes de cima e de baixo, como é possível observar na imagem abaixo:
É justamente a posição da língua que torna a produção desses sons mais complexa por falantes da língua portuguesa, considerando que não estamos acostumados com esse movimento articulatório.
Para o ensino desses sons em específico, é necessário retomar alguns conceitos sobre inteligibilidade, apresentados na aba de introdução do Projeto Ensino de Pronúncia, nomeada como “Ensino de Pronúncia e Inteligibilidade”, sobre a possibilidade de alguns sons não terem influência significativa em relação à compreensão da mensagem a ser passada. Neste caso, o som do th na língua inglesa entra no aspecto abordado, portanto, não sendo necessário a fixação desse som em específico, uma vez que a sua produção pode, ou não, interferir no objetivo comunicativo. Porém, o conhecimento desses sons é de extrema importância, tanto para alunos iniciantes quanto para alunos avançados no aprendizado da língua, já que esses sons irão se manifestar na comunicação.
O ponto principal para o ensino e compreensão dos fonemas / θ / e / ð / é o posicionamento da língua, portanto, algumas estratégias podem ser utilizadas com o auxílio de sons já conhecidos pelos alunos, como, por exemplo, a utilização dos sons / s / e / z /, que possuem o mesmo modo de articulação, se diferenciando apenas pelo lugar de articulação. Um exercício relevante a ser feito com esses exemplos é a produção de / s / e / z / por si só, para a identificação de como são produzidos e, então, a partir da produção desses fonemas, pedir aos alunos que desloquem a língua para a posição dental, emulando a produção de / s / e / z /, fazendo com que os sons de / θ / e / ð / se manifestem naturalmente.
Posteriormente, trava-línguas também podem ser utilizados como uma forma de “desafio” para os alunos. Por exemplo: This thin that thatch ou He threw three free throws. Sinta-se livre para criar os seus próprios trava-línguas!
REFERÊNCIAS
CARR, E. B. Teaching the th Sounds of English. TESOL Quarterly, v. 1, 1967.
Texto por Raffael Sansivieri Franco de Godoy e Vitor Magalhães Dias.
Revisado por Laura Ferri Pulgatti.
Imagem por Renato da Silva Caruzzo.