Continuando o trabalho com os pares mínimos já realizado em outras páginas do Projeto Ensino de Pronúncia, aqui discutiremos um pouco sobre a dupla /s/ e /z/. Nesse sentido, traremos algumas caracterizações de ambos os sons consonantais, pensando nas comparações dos pares, além de explorarmos algumas possibilidades didáticas para o ensino desses fonemas em aulas de Inglês como Língua Estrangeira.

Características acústicas e articulatórias dos sons

Sendo assim, o som / s / pode ser classificado como uma consoante fricativa, alveolar e desvozeada. Dessa forma, na produção deste som, o que se dá é uma obstrução parcial do fluxo de ar egressivo que sai dos pulmões – cria-se uma fricção constante com as pregas vocais, sem que haja vibração delas –, enquanto a língua toca o alvéolo (parte traseira dos dentes superiores frontais). Consequentemente, temos tal realização, no inglês, em vocábulos como simple, bossy e plus, em que, não importando o lugar que o som ocupe na palavra, ele terá a mesma execução de / s /.

Por outro ângulo, o som / z / é também uma consoante fricativa e alveolar, no entanto é vozeada. Isto significa que, quando analisamos a sua execução, o modo e o ponto de articulação permanecem os mesmos daqueles descritos anteriormente: o que muda, entretanto, é a vibração das cordas vocais, que aqui está presente, resultando em palavras como zoo, “amazing” e choose

Repare que a dimensão do som não está necessariamente ligada à representação escrita das letras que o simbolizam no IPA. Como trata-se de uma convenção socialmente estabelecida, a escrita é uma instância simbólica da língua, que representa os fonemas através de caracteres alfabéticos pertencentes à determinada comunidade de fala (falantes daquela língua). Dessa forma, o IPA utilizou-se de alguns desses caracteres para identificar os sons conhecidos das línguas ao redor do mundo. Apesar disso, mesmo que palavras como desert, music e deserve sejam escritas com “s”, devido a acordos ortográficos, elas ainda têm o som de /z/.

Há, ainda, um outro dado que merece destaque quando se trata dos dois sons apresentados aqui. Como já abordado em seções anteriores de nosso projeto, falantes estrangeiros de línguas adicionais tendem a levar aspectos linguísticos provenientes de suas línguas maternas para as que estão aprendendo. Assim, palavras como please – [ˈpliz] – podem ser pronunciadas por falantes de Português Brasileiro (PB) como [‘plis]. Isso acontece porque, em PB, tem-se majoritariamente o som de /s/ na execução final das palavras, até mesmo em casos em que não temos um som (vocálico ou consonantal) que segue. Já nas variedades nativas de Língua Inglesa, o som /z/ é usualmente utilizado em posição final de palavra.

Como ensiná-los?

Pensando nas dinâmicas de ensino de Inglês como Língua Estrangeira, essa oposição dos sons pode ser trabalhada, principalmente, em duas diferentes formas. Em um momento inicial, é interessante que se trabalhe com palavras que apresentem os dois sons em contraste, como possess e season, as quais apresentam os dois fonemas no mesmo vocábulo, a fim de sensibilizar os alunos acerca das diferenças. Posteriormente, pode-se trabalhar com estruturas sintáticas de trava-línguas, já que elas se apresentam como desafios estimulantes para os alunos (como pode ser o exemplo de: My sister missed the last bus yesterday, para o som de /s/, e Please excuse my clumsy words para o fonema /z/).

Referências:

CARLEY, P.; MEES, I. M. English phonetics and pronunciation practice. Routledge, 2017.

INTERNATIONAL PHONETIC ASSOCIATION. IPA Chart. Available at: https://www.ipachart.com/. Accessed on: 25 Apr. 2025.

Texto por Vitor Magalhães Dias.

Revisado por Vitor Xavier Gonçalves.

Imagem por Renato da Silva Caruzzo.