Nesta página do projeto ‘Ensino de Pronúncia’, visamos apresentar e discutir os órgãos da fala, presentes no aparelho fonador, para melhor compreensão da qualidade acústica dos sons. Desse modo, é importante retomar alguns conceitos previamente abordados – como as diferenciações entre Fonética e Fonologia – a fim de que se torne possível a relação entre o uso e entendimento deste tema para o ensino de pronúncia.
Como já mencionamos anteriormente, a Fonética pode ser definida como o estudo do som quando utilizado na fala, com foco, principalmente, em suas questões fisiológicas e qualidades acústicas, enquanto a Fonologia objetiva diferenciar os contextos em que os sons são aplicados dentro de uma língua específica. Nesse caso, objetivando melhor conhecermos os órgãos de fala e sua importância para o ensino de pronúncia, voltaremos nossa atenção, nesta página, para os aspectos fisiológicos desses estudos (Fonética).
Mais detalhadamente, a Fonética pode ser compreendida a partir de três subdivisões: a Fonética Articulatória (i); a Fonética Acústica (ii) e a Fonética Auditiva (não discutida nesta página). O primeiro estudo da Fonética (i) é utilizado para investigar a maneira que os sons são produzidos, tendo seu foco nos movimentos do aparelho fonador para a produção de sons; enquanto isso, o segundo (ii) busca entender as propriedades físicas do som (acústica). Nessa lógica, situamos as reflexões aqui apresentadas sobretudo dentro dos estudos da Fonética Articulatória (i), uma vez que abordaremos as características do aparelho da fala e da produção do som de modo geral.
Para tanto, abaixo segue-se uma imagem e lista nomeando (em português e inglês) os principais órgãos das cavidades bucal e nasal (que são utilizadas para a produção de sons da língua inglesa):
- 1. Cavidade nasal (nasal cavity);
- 2. Cavidade oral (oral cavity);
- 3. Faringe (pharynx);
- 4. Lábios (lips);
- 5. Dentes (teeth);
- 6. Alvéolo (alveolar ridge)
- 7. Palato duro / “céu da boca” (hard palate / “roof of the mouth”)
- 8. Palato mole (soft palate / velum)
- 9. Úvula (uvula)
- 10. Ponta da língua (tip of the tongue)
- 11. Lâmina da língua (blade of the tongue)
- 12. Frente da Língua (front of the tongue)
- 13. Dorso da língua (back of the tongue)
- 15. Epiglote (epiglottis)
- 16. Glote, contém as cordas vocais (glottis, containing vocal folds)
- 17. Traquéia (trachea)
- 18. Esôfago (oesophagus)
A produção sonora na cavidade oral inicia-se pelo ducto da traqueia (17), através de uma corrente de ar que se origina nos pulmões. Essa corrente, conhecida como egressive airstream, passa pelas cordas vocais (16) para formar vibrações que, a depender da articulação dos outros órgãos, resultam nos sons que conhecemos. Por exemplo, a epiglote (15), a parte traseira da língua (13) e a faringe (3) geram os fones produzidos mais no fundo da boca – como os sons / q /, / G / e / R / –; enquanto a úvula e a cavidade nasal, podem formar os sons nasais – como / m /, / ɱ /, / n /, etc.
Sendo assim, a glote e as cordas vocais emitem vibrações no ar para que sejam modificadas pelos mecanismos da fala (através de suas respectivas articulações). Dessa forma, a vibração resultante desses órgãos – a depender de como se movimentam –, formarão os sons conhecidos na língua (em especial no inglês). Nessa perspectiva, tanto os locais de articulação quanto o movimento desses órgãos (analisado nas outras páginas deste projeto) influenciam na produção sonora.
Agora que compreendemos a produção dos sons pelo aparelho fonador, tornamos à dúvida acerca do seu ensino. A este respeito, ressaltamos o fato de que, no contexto da sala de aula, os alunos não precisam, obrigatoriamente, saber de todas as nomenclaturas aqui discutidas. Assim, os conceitos apresentados nesta página podem, e devem, manter-se no campo do conhecimento (mesmo que em nível mais básico) dos professores que ensinam pronúncia, para que, no caso de dúvidas em relação a sons específicos, essas noções possam auxiliar em suas elucidações.
REFERÊNCIAS
CARLEY, P.; MEES, I. M. English phonetics and pronunciation practice. Routledge, 2017.
CAGLIARI, L. C. Elementos de fonética do português brasileiro. Tese (Livre Docência) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, p. 192. 1981.
FRAGA, L. A pesquisa em fonética articulatória, acústica e auditiva: noções elementares. UniLetras, v. 26, n. 1, 2004.
Texto por Vitor Xavier Gonçalves e Profa. Dra. Vivian Nádia Ribeiro De Moraes Caruzzo.
Revisado por Natália Rosalen De Castro.
Imagem por Renato da Silva Caruzzo.