Dando continuidade às páginas deste projeto que se debruçam sobre a descrição de sons consonantais específicos e pares, junto a uma breve discussão sobre como podem ser trabalhos em aulas de inglês como idioma estrangeiro, apresentamos, com ênfase, neste texto os sons de / k / (presente na pronúncia da palavra “car”: /kar/), e / g / (girl: /ɡɜrl/).
Características acústicas e articulatórias dos sons
Iniciamos por caracterizar ambos os sons como sendo como plosivos, o que diz respeito especificamente à forma como são realizados. De maneira geral, significa que são produzidos no aparelho fonador por meio de um bloqueio completo do ar que sai dos pulmões, sendo este liberado em uma breve explosão (daí seu nome).
Por se configurarem como sons pares, ambos são produzidos no mesmo local de articulação, apresentando-se como velares, tendo sua realização no alvéolo mole, anterior à úvula – velum, em inglês. Logo, a parte posterior da língua é elevada para criar um breve bloqueio de ar no alvéolo. O som é finalizado com a liberação do ar.
A diferença entre estes sons, apesar de demonstrar-se como tênue em diversos enunciados e pares mínimos – vocábulos diferenciados por apenas uma unidade sonora -, se dá em sua vibração. Em suma, se a glote vibra na realização de ar, o som compreende a produção de / g / – o par vozeado; se o ar flui sem sua vibração, ocorre a realização de / k /.
Como ensiná-los?
Autores reconhecidos na área do ensino e aprendizagem de pronúncia, como a professor-pesquisadora Jennifer Jenkins (2000), desde o início do século aludem à importância das consoantes para a comunicação, sendo trabalhadas entre seus pares mínimos para evitar qualquer equívoco comunicativo – interpretados como recorrentes nos pares mínimos devido a suas similaridades articulatórias. Assim, uma boa estratégia pode ser apresentar vocábulos que contrastem esses sons, como, por exemplo:
- cap vs. gap
- coat vs. goat
- came vs. game
- cold vs. gold
- cut vs. gut
- crab vs. grab
- core vs. gore
- clue vs. glue
- pick vs. pig
- back vs. bag
- lock vs. log
- sack vs. sag
- tuck vs. tug
- buck vs. bug
Uma outra estratégia é reconhecer ambos os sons em termos que não necessariamente se configuram como pares mínimos, mas que colocam em evidência sua articulação. Isso pode ocorrer de maneira contextualizada, por meio do trabalho de temas comunicativos e transversais específicos. A caso de exemplo, mencionamos vocábulos tangentes à cozinha e à culinária:
- to cook
- kitchen
- to cut
- cake
- to crack
- carrot
- cucumber
- chicken
- cookie
- to grill
- garlic
- to grate
- to grease
- to garnish
Outros temas comunicativos podem ser elencados; e uma inteligência artificial generativa pode propor e organizar ideias temáticas a serem trabalhadas com os sons.
Para mais, uma outra forma de contextualizar essas discussões pode se dar mediante o uso de repertórios musicais. Utilizar canções que deem ênfase a termos com esses segmentos – em canções como “Get Lucky” (interpretada por Daft Punk), “Counting stars” (de Coldplay) e “Can’t stop the feeling” (de Justin Timberlake) –, pode ser uma forma lúdica, intercultural e autêntica de contextualizar essas discussões fonéticas e fonológicas.
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Escrito por Vitor Xavier Gonçalves.
Revisado por Laura Ferri Pulgatti.
Imagem por Renato da Silva Caruzzo.