Neste texto, realizamos uma breve apresentação dos sons consonantais / tʃ / e / dʒ /. Inicialmente, apresentaremos os fonemas, buscando explorar, comparativamente, as formas como são articulados e como podem ser categorizados. Em seguida, discutiremos algumas estratégias didáticas que podem ser adotadas pelo professor de inglês para abordar esses sons em sala de aula, priorizando, sobretudo, o estímulo da comunicação e fluidez das habilidades orais e de escuta de aprendizes.
Características acústicas e articulatórias dos sons
Quando observamos ambos os fonemas em questão, é possível notar algumas similaridades acerca de sua articulação. Ambos se enquadram, segundo o IPA, como consoantes africadas, podendo ser caracterizadas como a combinação das plosivas com as fricativas em uma única realização. A realização de ambos estes fonemas, portanto, ocorre quando há, inicialmente, uma obstrução completa da passagem do ar e, apenas na soltura, o ar sai friccionado por esta obstrução.
Olhando para ambos separadamente, / tʃ / é denominado, portanto, como um som africado, álveo-palatal e desvozeado. Ele é produzido a partir dos movimentos já descritos anteriormente, com a inicial obstrução total, seguido pela fricção com esta no momento da soltura, no final de sua articulação. Sua característica distintiva, portanto, é que não há vibração das cordas vocálicas quando este som é produzido, podendo ser percebido de modo claro nas palavras chip (/ʧɪp/) e chart (/ʧɑrt/).
Por sua vez, / dʒ / se enquadra enquanto um fonema africado, álveo-palatal e vozeado. Sua articulação é similar à / tʃ /, combinando elementos das consoantes plosivas e fricativas, se distinguindo apenas em relação à vocalização, uma vez que é um som vozeado, ou seja, o ar expelido faz com que as cordas vocais vibrem quando este fonema é produzido. Este pode ser percebido com clareza em palavras como gym (/ʤɪm/) e jump (/ʤʌmp/).
Como ensiná-los?
Levando em consideração a similaridade dos sons, a sua realização de forma parecida, os abordamos juntos quando pensamos em relação ao seu ensino na língua inglesa. Compreendemos, desse modo, que devido a suas equivalências, esses sons podem oferecer uma certa confusão para os aprendizes, tanto em sua produção quanto na percepção.
Em relação a auxiliar em um entendimento inicial dos fonemas, pode se mostrar interessante que o professor explique qual junção de outros sons os configuram. Como já discutido, as africadas são produzidas pela combinação de processos que ocorrem nas plosivas e nas fricativas. Dessa forma, explicar, em um primeiro momento, como / tʃ / é similar a produção dos sons / t / e / ʃ /, pronunciando ambos separadamente antes de juntá-los. Esse mesmo processo pode ser aplicado sobre o fonema / dʒ /, apresentando inicialmente os sons / d / e / ʒ / individualmente, em seguida praticando o fonema africado em questão.
Existem outras formas com que estes sons podem ser apreendidos em sala de aula. O uso de pares mínimos (1), a partir de palavras como chew / Jew ou choke / joke, podem permitir que os aprendizes captem as sutis distinções entre os fonemas. Travas-línguas (2) também podem ser úteis para essa função, por meio de orações como Charlie chopped cherry cheesecake cheerfully ou Jake enjoys jelly and jam in June. Pensando em um contato mais próximo com a pronúncia destes sons em contextos mais naturais, a presença de músicas e textos oralizados (3) também pode se revelar positiva em contextos de aprendizagem de língua inglesa. Por fim, auxílios visuais (4), como diagramas da boca e garganta que permitem que o aluno enxergue o modo como estas se comportam na produção dos fonemas, oferecendo uma referência para que ele reproduza tal articulação.
Você pode encontrar, nas demais páginas do projeto, reflexões e discussões similares a esta, abordando outros aspectos e segmentos da língua inglesa. Lhe convidamos a explorar nossas outras abas, e se aventurar em tópicos que podem complementar as suas práticas em sala de aula.
Referências
CELCE-MURCIA, M. et al. Teaching pronunciation: A course book and reference guide. Cambridge University Press, 2010.
RISSI, N. C. A fonética na sala de aula do inglês. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Letras). Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, Araraquara, p. 26. 2012.
Texto por Natália Rosalen de Castro.
Revisado por Profa. Dra. Vivian Nádia Ribeiro de Moraes-Caruzzo.
Imagens por Renato da Silva Caruzzo.