Nesta página de nosso projeto, realizamos uma breve apresentação dos aspectos físicos e acústicos referentes a produção dos sons / t / e / d /, de forma comparativa, classificativa (referente à suas classes fonéticas) e didática. Além disso, propomos algumas reflexões quanto ao ensino desses fonemas na sala de aula de inglês, problematizando sua influência para a comunicação. 

Características acústicas e articulatórias dos sons 

Iniciando com o / t /, ele é caracterizado por um som de natureza plosiva, podendo ser produzido de algumas formas diferentes na boca, neste caso, dental, alveolar, ou mesmo pós-alveolar. Ademais, também se trata de um som desvozeado, não realizando a vibração das cordas vocais. Sendo assim, sua realização prevê que, a princípio, a língua esteja posicionada com a ponta contra a região logo atrás dos dentes superiores, bloqueando a passagem do ar, a qual deve ser liberada rapidamente. Desse modo, esse ar projeta uma pequena explosão, produzindo o som esperado. Algumas palavras em que esta realização ocorre de modo claro são tap e time.

A pronúncia de / d /, por sua vez, apresenta algumas características semelhantes à anterior, sendo também um som de natureza plosiva e podendo ser realizado de forma dental, alveolar e pós-alveolar. No entanto, ele se difere uma vez que é vozeado. Assim, ao produzi-lo, o processo é semelhante, porém prevê a vibração das cordas vocais durante sua realização, lhe distinguindo de / t /. Algumas palavras em que a pronúncia de / d / é clara são dice e day.

Embora tais sons também estejam presentes no português e em outras línguas da mesma forma como descrita acima, é interessante destacar que, na língua inglesa, ela pode ocorrer de forma mais marcada. O fenômeno da “aspiração” pode acontecer na produção de / t /, resultado de uma maior quantidade de ar presente na pronúncia de falantes de inglês. Devido a este acontecimento, o som acaba soando mais forte na língua inglesa. Isso não ocorre com / d /, uma vez que é vozeado, ocorrendo a vibração das cordas vocais.

Por que e como ensiná-los?

Abordamos ambos estes segmentos sonoros de forma conjunta em nosso projeto, sobretudo porque são produzidos na mesma região do aparelho fonador, e pela mesma técnica/modo de articulação. À essa razão, compreendemos que, por vezes, falantes da língua inglesa podem confundir esses fonemas e escutá-los de maneira equivocada. Esses casos podem ser ainda mais recorrentes em enunciados de baixa qualidade acústica, naqueles pronunciados rapidamente, ou nos cujos termos da sentença são interligados (devido ao “Connected Speech”). Ensiná-los utilizando-se das seguintes dicas deve auxiliá-lo a evitar confusões.

A primeira estratégia didática que sugerimos se dá por meio do uso de pares mínimos (1) Suas diferenças fonológicas ficam claras por meio de exemplos linguísticos como em ball / doll, ten / den, tore / door, tip / dip, town / down, tart/ dart, tie / die, hat / had, write / ride, sent / send. Casos em que ambas as palavras não sejam estritamente iguais, mas disponham dos dois sons e, com isso, de alguma semelhança – como em torn / dorm, tight / dice, trouble / double, tree / dream –, também podem e devem ser empregados. Textos autênticos criados por inteligência artificial (e eventualmente editados pelo professor), utilizando esses vocábulos de forma coerente, auxiliam na sua contextualização em sala de aula.

Um outro procedimento didático produtivo é o uso de trava-línguas (2) (tongue twisters) que repitam exageradamente ambos os sons. Sentenças que reiterem o uso de / t /, como em Tiny turtles tiptoed through ten tall trees, e / d /, Daring dogs darted down the dark, damp ditch, podem ser criativas e estimulantes. Trava-línguas que mobilizem ambos os fonemas, como em The dog dug deep, and the tiger tried to dodge it ou Timothy’s tiny toy truck tumbled down the dusty driveway, devem funcionar como um excelente exercício avaliativo quanto a compreensão de ambos os segmentos.

Por último, enfatizamos a importância do uso de materiais e repertórios culturais e autênticos (3) (não elaborados com propósitos pedagógicos). Músicas como “The devil went down to Georgia” e “Which of the pickwick triplets did it”, a depender das especificidades dos aprendizes, permitem ao docente uma abordagem mais temática, interessante e lúdica no trabalho com esses sons. A última, por exemplo, por pertencer a uma série e musical (terceira temporada de “Only murders in the building”), possibilita a abordagem de diversos assuntos, que podem compreender discussões como a resolução de mistérios, gostos e o consumo por podcasts, amizades e relações intergeracionais, o próprio conceito de musical, entre muitos outros.

As dicas previamente mencionadas podem auxiliar o trabalho com os fonemas em questão, todavia, compreendemos que o professor deve sempre ser crítico quanto a quais estratégias e procedimentos deve utilizar com sua turma, de acordo com suas preferências e necessidades. Logo, sinta-se à vontade para apropriar-se de nossas recomendações e realizar as adequações e modificações que julgar necessárias.

Nas outras páginas desse projeto, você encontrará discussões similares a esta, abordando outros aspectos e segmentos do inglês. Não perca!

Referências

CARLEY, P.; MEES, I. M. English phonetics and pronunciation practice. Routledge, 2017.

CELCE-MURCIA, M. et al. Teaching pronunciation: a course book and reference guide. Cambridge University Press, 2010.

Texto por Vitor Xavier Gonçalves.

Revisado por Profa. Dra. Vivian Nádia Ribeiro De Moraes Caruzzo.

Imagem por Renato da Silva Caruzzo.